Aug 18, 2009

Bee Movie - as idéas por trás do filme

Observação: As postagens deste projeto foram retiradas do blog do autor, exatamente como tinham sido lá colocadas. Entre em Na Ponta dos Lápis e acompanhe mais.

Observação 2:
caso não tenha assistido Bee Movie, pretenda assistir e não queira saber detalhes, não leia.

Confesso que quando assisti a este filme fiquei chocado. É uma excelente produção, uma animação e fez muito sucesso, ganhando prêmios inclusive (leia a sinopse), mas eu me surpreendi quando vi as idéias presentes nele. Por isso, decidi fazer uma análise para expor a produção de realidade do filme e as noções de verdade por ele apresentadas, como fiz em postagens anteriores - para compreender melhor leia o projeto notas sobre a ficção e também esta postagem sobre os filmes "O incrível Hulk" e "Homem de Ferro").

Bee Movie retrata a história de uma abelha que processa os humanos pelos direitos de todas as abelhas a receberem de volta o mel por elas produzido. No filme, as abelhas são capazes de falar, embora tenham mantido isso em segredo por séculos. O personagem principal, Barry B. Benson (uma abelha com a voz de Jerry Seinfeld), passa a ter uma relação de amor platônico com uma humana e acaba descobrindo que as abelhas são exploradas por nós para que consigamos produzir e vender mel.

Quando se dá conta de tal injustiça, Barry resolve processar os seres humanos para que as abelhas possam reaver o mel que lhes foi roubado, aquilo que foi produzido com o trabalho delas e apropriado de forma indevida pelos donos de vendedoras de mel. Um marxista - ou alguém que já leu as teorias de marx, e neste ponto me incluo - logo percebe que o que está sendo mostrado nada mais é do que: alguém explorado (que por marx seria o operário) e antes alienado percebe finalmente que o seu trabalho está sendo apropriado por um patrão e resolve brigar para reaver aquilo que lhe é de direito.

Até ai tudo bem. Mas depois que Barry B. Benson vence a disputa na justiça é que a história muda - e foi quando eu fiquei surpreendido e chocado. Já no tribunal, o advogado de defesa ameaça Barry dizendo que ele iria se arrepender do que fez, que o que ele fizera fora quebrar o ciclo natural das coisas. Um absurdo, certo? Bem... segundo o filme, errado, como ficaria claro logo depois.

Acontece que, recebendo todo o mel que haviam produzido e que lhes fora roubado, as abelhas ficaram sem mais ter o que fazer e resolveram deixar de trabalhar. Como consequência, não houve mais polinização; sem polinização as plantas começaram a morrer; sem plantas, em pouco tempo veríamos o fim do mundo. Sim, isso mesmo. O fim do mundo.

Eis que Barry B. Benson então percebe que ele realmente havia quebrado o ciclo natural. As abelhas tinham de trabalhar, pois sem o seu trabalho o mundo não conseguiria se sustentar. Sem o seu trabalho nada funcionaria. Elas deviam trabalhar e o mel tinha de ser retirado delas para que continuassem a trabalhar. Só assim manteriam o equilíbrio do mundo, deixariam-no em harmonia. É o que acontece no final do filme. Em determinado momento, o personagem de Jerry Seinfeld chega a declamar um discurso em que diz que todo o trabalho, por mais insignificante que pareça, é de grande importância para o funcionamento das coisas.

Enfim, acho que todos podem perceber a razão pela qual fiquei chocado. Este é um filme para família, para crianças e, como dito anteriormente, fez um sucesso absurdo. O grande problema é que ele, claramente, nos diz: é natural que alguns sejam explorados e outros lucrem com esta exploração; sem este tipo de relação o mundo não funcionaria, entraria, inevitavelmente, em colapso.

No comments:

Post a Comment